MATÉRIA ESCRITA E CEDIDA POR EDUARDO DE MOURÃO GUEDES.
O que são?
YAMADORI – MUDAS RETIRADAS DA NATUREZA (matas, bosques ou florestas).
MATHIDORE – MUDAS RETIRADAs DE CIDADES. (Calçadas, Jardins, Praças)
Yamadori ou Mathidori é a técnica usada para se recolher mudas de árvores já formadas diretamente da natureza.
Essa técnica quando bem executada, apresenta uma grande vantagem, pois proporciona a oportunidade de se conseguir um material com características muito desejadas: idade avançada, boa textura na casca, largura de tronco, marcas de envelhecimento que dificilmente conseguiríamos reproduzir em árvores plantadas em viveiros. Um bonsai conseguido desta forma traz as marcas de sua luta para se manter vivo que é como uma assinatura de sua resistência.
Tenho visto muitas fotos de Yamadori feitos por pessoas que desconhecem completamente essa técnica. Como já disse em outro post sobre este assunto: “Atualmente na NET. As páginas que se destinam ao bonsai tem ficado cheias de fotos de pessoas que estão retirando árvores de nossas matas sem o menor conhecimento do espírito e da técnica a ser usada” e como resultado imediato estão devastando nossas matas e reservas, no intuito de conseguir um bom material e economizar tempo. Essas pessoas desconhecem que a origem do yamadori é alicerçada por um admirável respeito pela natureza e pela árvore em questão. “Alguns novos na arte, influenciados por vídeos de grandes bonsaístas renomados internacionalmente que usam ferramentas elétricas – fresas – para transformar um toco retirado por Yamadori em um lindo bonsai, vêem nesta técnica, a oportunidade de conseguir uma árvore imponente em um menor tempo. Eles se esquecem ou não sabem, que aquele lindo bonsai apresentado ao público em vídeos ou fotos magníficas, demandaram anos de trabalho de seu criador, mesmos aquelas árvores trabalhadas nos vídeos exibidos no YouTube, levaram anos para chegarem aquele estágio agora apresentados. Muitas, desde o momento que foram descobertas até o momento de sua retirada, tiveram de esperar por anos só para serem levantadas do chão, foi preciso cavar, cortar as raízes velhas e passar algum hormônio enraizador, depois tapar o buraco sem retirar a árvore do seu lugar e esperar pacientemente um, dois ou três anos até que novas raízes se desenvolvessem e fossem capaz de sustentar toda a planta e só depois disso é que ela foi levada para casa, para ser colocada em uma caixa, com solo apropriado e deixada descansar por mais um ou dois anos e muitas vezes mais que isso, até que ela se recuperasse completamente de todo stress sofrido, para só então começar o trabalho de estilização em um bonsai. Por tanto, cada pessoa que deseja se tornar um bonsaísta precisará entender que: “Árvore não pede pra ser Bonsai. Árvore pede pra crescer”. Nós é que estamos interferindo em sua vida e essas intervenções precisam ser para o benefício da árvore, não para o nosso benefício. Portanto é necessário que pratiquemos o “Yamadori Responsável”.
O que é Yamadori Responsável?
É a retirada de árvore da Natureza visando a sua sobrevivência, onde faremos todo o possível para não interferirmos no meio ambiente ao seu redor, mais do que necessitemos. Isso pode significar deixar de lado uma maravilhosa árvore, sem ser perturbada – um bonsai já pronto – pelo fato de haver risco para a sua sobrevivência. Resumindo, um yamadori onde foi identificado o risco de se perder a árvore, não deveria ser executado. Eu descobri o enorme prazer que se tem em retornar anos depois, ao local onde havia deixado uma bela árvore, e vê-la ali, ainda mais linda, magnífica, crescendo livremente.
_ Para mim ela é sem duvida ““O meu Bonsai Natural “”. Minha propriedade emprestada a natureza.
Tenho deixado excelentes árvores de lado no decorrer dos anos e tenho um imenso prazer de revê-las, ano após ano, florescendo e dando seus frutos. Às vezes quando estou viajando de carro com minha esposa e meu filho, sinto um grande prazer de ouvi-los dizer apontado pela janela do carro:
_ Olha amor! O seu bonsai…
_ Olha lá pai! Ele ainda esta lá.
Este prazer não tem preço! Posso assegurar a vocês que por mim, ficaram sempre lá. A menos que surja de uma fonte uma alheia, uma ameaça real, que ponha verdadeiramente em risco a vida da árvore. Somente nestes casos, incentivo a retirada destas árvores (Pelo menos ela terá uma chance de viver) e mesmo assim, Aconselho fazer o Yamadori Responsável fazendo todo possível para dar a árvore uma chance de sobrevivência.
As regras a seguir e as fotos demonstrarão como retirar um yamadori com segurança.
Este Mathidori foi feio em primeiro de Outubro de 2010. Após uma semana inteira de chuvas copiosas.
Esta é uma primeira regra para quem quer ser bem sucedido em retirar uma árvore da natureza, ter paciência de esperar o tempo certo. E quando falo o tempo certo, me refiro ao tempo certo da árvore e não o nosso: um feriado, uma folga, uma viagem ou um final de semana. É preciso esperar, por exemplo, que ocorram alguns dias de chuva para que a árvore se hidrate, também seria interessante esperar o início da primavera onde a árvore está iniciando um novo ciclo de desenvolvimento e a atividade dentro dela começa a acelerar, o inverno não seria uma boa época para esta atividade, pelos motivos inversos. Em algumas regiões aqui no Brasil pode significar que teremos apenas alguns poucos meses para esta atividade e em regiões muito quentes o inverno, por ser mais fresco seria mais apropriado.
Segunda regra – Segurança – leve junto de você um kit de primeiros socorros no caso em que você terá de se afastar para locais isolados. Você poderá escorregar, cair e se arranhar, enfiar um espinho doloroso nas mãos, ou se cortar. Não devemos desconsiderar o fato de que imprevistos ocorrem. Repelente para insetos serão muito bem-vindos, use botas de cano alto e luvas em lugares onde sabe que existem cobras e escorpiões. Tome tempo para analisar o local para ver se não existem vespeiro por perto, fazer isso pode significar evitar dolorosas surpresas. Hidrate-se, leve muita água potável, e algum alimento para não ficar exausto por conta da falta deles. Não esqueça do protetor solar e um bom chapéu para proteção da cabeça.
IMPORTANTE – Avise a sua família ou um amigo onde você estará e quando retornará, e em lugares onde não há sinal de telefonia seria prudente levar um mapa da região e uma bússola.
Terceira regra – Verifique o seu Material– Separe todas as ferramentas que julgue necessário para o trabalho, confira se estão em perfeito estado, pode acreditar, não será nada bom ter o cabo da vanga partido logo no início do trabalho. Ferramentas amoladas economizarão energia e tempo. Leve uma torques e uma pequena marreta, você poderá encontrar arames juntos das raízes ou mesmo pedra ou concreto que precisarão ser partidos. Conte com os imprevistos na hora de arrumar todas as ferramentas: Você poderá encontrar uma raiz grossa de uma árvore que cresce próxima, ou uma rocha presa entre as raízes. Leve barbante e um saco para enrolar o torrão – eu costumo usar o TNT para isto, é barato, é leve, ocupa pouco espaço na mochila, fácil de trabalhar e se não for possível plantar a árvore logo ao chegar em casa, pode-se deixa-la em um local protegido por vários dias. Já deixei por quase um ano sem prejuízo para a planta. Se o local for muito quente seria bom levar água para hidratar as raízes das plantas.
Quarta regra – Evite ir sozinho –um bom amigo é a melhor das ferramentas. Pode acreditar.
Quinta regra – Obtenha uma autorização para fazer a retirada da árvore. Existem áreas onde a atividade humana é proibida. Não se arrisque. Existem leis em nosso país que proíbem a retirada de plantas nativas de certas áreas e é um crime punido com muito rigor pelas autoridades.
Sexta regra– Identifique uma boa árvore– A escolha do material é um passo importante para se ter uma árvore perfeita. Algumas pessoas têm facilidade em identificar um excelente material no meio de muitas árvores. Pode parecer fácil, mas você perceberá que quando se está em um local onde há muitas opções a dúvida é uma coisa comum. Para não perder tempo retirando material que no final será um bonsai comum, procure encontrar na árvore a ser escolhida, qualidades que a tornarão impressionante tais como: um bom movimento de tronco, um Uro, ou Sharimiki, uma casca com boa textura, um bom Nebari, boa conicidade, boa distribuição dos ramos e etc. Não saia retirando qualquer árvore, só para não perder a viagem ou porque tem boa uma boa grossura. Você poderá perceber depois de alguns anos de cultivo, que a árvore em questão não era tão boa assim.
Sétima regra – Preparação antecipada é a chave do sucesso. Deixe tudo preparado em casa para o plantio da sua nova árvore. Caixa para plantio de tamanho adequado e quantidade de solo de boa textura em quantidade suficiente são primordiais. Tenho visto muitos yamadori sendo plantados em solos de pouca qualidade que nada contribuirão para um grande desenvolvimento das raízes. Isso produzirá uma planta de baixa qualidade. Ela poderá ter até uma boa brotação mas seu desenvolvimento futuro estará comprometido.
Vamos à prática:
Estas são duas Holmskioldia sanguínea mais conhecida como Chapéu chinês que foram plantadas por mim, nove anos antes em um local que foi totalmente abandonado, pois era uma área particular. Por se tratar de uma árvore que não pertence à nossa flora consegui a autorização para retirá-la.
Na foto acima já iniciei uma leve limpeza apenas para tirar as fotos. Vamos limpar ainda mais o lugar antes de iniciarmos o trabalho. O material de cobertura do solo foi colocado ao lado. Iremos utilizá-lo depois.
Uma poda foi feita para realçar a estrutura do tronco. E facilitar a retirada. É importante fazer uma poda inicial para podermos trabalhar sem riscos de acidente.
Em alguns casos onde se pode esperar alguns meses para fazer retirada da árvore, pode-se optar por se fazer uma poda completa na planta uns 3 ou 4 meses antes de sua retirada. Isso dará à árvore a oportunidade de emitir uma quantidade de brotos muito maior que emitiria se a tivéssemos feito a poda no dia de sua retirada. Fazer esta poda com antecedência, evita a morte de alguns ramos, evita que parte do tronco morra, evita uma brotação fraca. Se optar por fazer a poda antecipada, terá de fazer apenas uma boa desfolha e uma leve poda nas pontas de alguns ramos, no dia em que for levantar a árvore do chão. Atenção nesta poda. Procure saber se a espécie que irá retirar suporta podas radicais. Algumas árvores como o Ficus benjamina e coníferas em geral, não aceitam tais podas.
É hora de iniciarmos a escavação. Comece por iniciar o corte longe do tronco. Marque um circulo em torno da árvore a uma distância de 3 a 4 vezes o diâmetro do tronco. Comece a cavar por fora deste circulo. Depois vá aproximando o corte para junto do tronco. Faça isso com cautela. Veja nas fotos abaixo.
Raízes filamentosas (capilares) são um bom sinal, demonstram que a árvore poderá ser levantada sem maiores problemas.
Vá afundando a vala a uma profundidade de 2 a 3 vezes a largura do tronco. Então comece a afunilar o corte da metade do torrão para baixo, cortando na direção ao centro, fazendo um cone. Corte com cuidado cada raiz que encontrar. Não bata com a ferramenta com força nas raízes mais grossas na intenção de quebra-la ou corta-la, isso vai abalar o torrão que ira se desfazer quando for levantado. Cave ao redor do tronco e exponha a raiz, depois use um serrote amolado ou um tesourão de poda para cortar as raízes. Procure fazer cortes limpos evite deixar raízes quebradas. Raízes quebradas poderão ser a entrada de fungos que matarão a árvore no futuro.
Depois corte a raiz pivotante se ela existir. Corte com muito cuidado pra não quebra-la ou danificar o torrão da planta.
Vamos voltar ao Yamadori do Chapéu de Mandarim.
A árvore da foto acima, está muito perto do tronco de uma árvore ainda maior e poderemos ter problemas se uma raiz muito grossa estiver apontando para a nossa árvore. Até agora não há raízes que possam atrapalhar. Há muito entulho de obra atrapalhando a retirada.
Note que o afunilamento começou a ser feito. Até o momento nenhuma raiz mais grossa foi encontrada por mim neste Yamadori. Isso é muito bom, pois significa que a árvore não sofrerá muito após a retirada e se recuperará rapidamente do trauma que está sofrendo. Apesar de ter chovido muitos dias o solo está quase seco devido à copa da árvore que a encobre e também porque o solo estava coberto por muitas folhas. Em solo muito seco o torrão poderá desmanchar, tome cuidado.
O torrão deste Yamadori for retirado com sucesso, apesar de haver muito entulho e restos de material de construção no local onde cavamos que quase destruíram o torrão e por sorte também não havia raiz pivotante. Notem que há muitas raízes finas que manterão a alimentação da árvore. Estas raízes são o que procuramos ao cavar ao redor de uma árvore. Caso não note a presença delas, melhor será incentivar a árvore a produzi-las. Existem técnicas para isso tais como: anelamento ou segmentação do tronco e sangria. É importante nos dois casos passar algum hormônio enraizador no local. Depois volta-se o solo para a cova. Deixe-se a árvore no local por mais alguns meses e volte a cavar após esse período. Se ela ainda não houver emitido raízes finas suficientes para sustentar toda a árvore viva, tape tudo e deixe-a por mais um tempo no solo e volte depois. Fazemos isso até que tenhamos a certeza de que há raízes alimentadoras suficiente para a sobrevivência da árvore.
Depois de retirar o torrão do buraco comece a acerta-lo, com uma ferramenta como um facão vá retirando a terra da lateral diminuindo o torrão até o tamanho desejado.
Você poderá fazer o mesmo trabalho com o torrão ainda dentro do buraco. Este método é usado quando a árvore a ser removida é muito grande. Para isso terá de cavar uma vala um pouco mais larga, isso facilitará o trabalho. Após retirar o torrão do buraco, faça o mesmo no fundo deixando o mais reto possível. Aproveite esse momento para acertar as raízes, fazendo nelas cortes limpos. Veja as fotos a seguir:
Quando verificamos que a árvore não terá nenhuma condição de sobreviver é sensato não levantar a árvore do solo.
Embale com cuidado o torrão, amarre bem para que não se desfaça quando for transportado. Se a viagem for muito longa, umedeça o torrão e o pano que o envolve, transporte-o com cuidado. Se houver folhas na árvore, procure mantê-las úmidas. Pulverize água nas folhas e as envolva em um saco plastico para manter a umidade. Cuidado com vento no local e na hora de transportar, ele vai desidratar a árvore. Se enrolar o torrão em um saco plástico retire-o tão logo chegue em casa, o saco plastico poderá armazenar gazes no interior do torrão que acabarão por envenenar as raízes que sobraram. Ele também poderá manter uma umidade excessiva o que poderá contribuir para o aparecimento de fungos nocivos. Se não puder retirar o plástico, abra pelo menos a sua boca e não demore muitos dias para plantar sua árvore, pois o acúmulo de gases e o excesso de umidade poderão matar as poucas raízes que restaram. Mantenha seu Yamadori em um local protegido, fresco e ventilado. Se por acaso a árvore quebrou o torrão e as suas raízes ficaram expostas, mantenha-as úmida, não as deixe secar. Use esfagno umedecido para protege-las, se não tiver, use panos úmidos. Caso não possa planta-la no mesmo dia, aconselho que a deixe em um local com pouca ou nenhuma luz para que o seu metabolismo diminua até que você possa plantá-la, mantenha seu yamadori sempre com as raízes protegidas e úmidas – úmidas não quer dizer encharcadas. Deixar uma árvore na água por alguns dias pode ser muito prejudicial, visto que a água contribuirá para o apodrecimento dos cortes, facilitando a entrada de fungos. Deixar a árvore dentro da água para hidratar ou absorver algum tipo de hormônio enraizador por algumas horas ou mesmo um dia, não é a mesma coisa que deixa-la de molho por dias dentro de algum balde com água. Tome cuidado.
Se o torrão for grande e se houver bastante raízes poderá deixar o torrão protegido pelo pano sem plantar por vários meses. Eu mesmo já deixei um Yamadori por um ano sem plantá-lo e sem qualquer prejuízo para a planta. Neste período mantive uma excelente rotina de regas e adubações e ela se desenvolveu normalmente.
Agora temos uma oitava regra – Deixe todo o local onde retirou a sua árvore o mais próximo de como estava antes. Tape o buraco soque a terra e retorne a cobertura vegetal do solo. Não deixe buracos abertos que poderão servir de armadilhas quando o mato crescer ao redor. Animais poderão quebrar uma das patas se pisarem dentro dele. Quando praticamos com seriedade a arte de bonsai, ficamos em sintonia com a natureza e tudo o que a envolve. Nunca negligencie esta regra. Nós bonsaístas não devemos ser vistos pela comunidade como pessoas que danificam e destroem o meio ambiente.
Note a foto acima. O buraco foi tapado e toda cobertura morta que foi removida para a retirada das árvores foi devolvida ao seu local. Deixe tudo como se você nunca tivesse passado por ali.
Atenção:
Existem situações onde evitaremos fazer este processo a fim de dar a árvore chance de sobrevivência. Estes são: Quando a árvore possui difícil enraizamento; quando a árvore é muito velha; quando só possuem raízes grossas e não possui raízes superficiais ou quando estas raízes estão muito fundas dentro do solo; quando a árvore não possui muitas raízes alimentadoras ou quando se trata de uma conífera de idade mais avançada. Nestes casos, meu conselho é que se faça primeiro uma sangria em suas raízes antes de retirá-la.
Sangria é quando cavamos ao redor da árvore para cortarmos suas raízes superficiais. Neste processo não retiramos a árvore do chão, após os cortes das raízes retornamos o solo para o buraco, e a guardamos que novas raízes surjam. Neste período seria muito proveitoso manter regas regulares para forçar o crescimento das novas raízes. Isso pode levar alguns meses ou mesmo anos dependendo da espécie. Em coníferas muito velhas é importante que se faça uma sangria em duas etapas. Cortando em cada uma delas as raízes mais grossas.
Após alguns meses, cavamos e observamos para ver se já existem muitas raízes alimentadoras (raízes finas como os fios de cabelos) Somente quando percebemos o surgimento destas raízes é que levantaremos a árvore do solo. Esse processo dá a árvore chance de sobreviver, e se recuperar.
Plantio.
A árvore acima será plantada em uma bacia plástica. Em uma mistura de solo contendo cascalho de cerâmica de tamanho de 2 a 5 mm e 60% de casca de pinus triturada com tamanho de 2 a 3 mm. Faça furos de tamanho e quantidade suficiente para não haver acumulo de água e facilitar a troca de gases. Um solo de composição porosa permite o crescimento de muitas raízes. Retire o máximo de solo que puder do torrão. Corte e sele com pasta cicatrizante todas as raízes grossas que foram cortadas, sele até as que possuírem a grossura de um palito de churrasco. Não deixe raízes rachadas ou mau cortadas. Se houverem raízes podres, retire-as. Se houver madeira podre trate-a e sele. Depois, Sele com pasta cicatrizante, todos os cortes feitos no tronco e nos ramos, isso evitará a perda de líquidos e evitará a desidratação. Não deixe as raízes finas secarem durante todo processo é importante mantê-las úmidas, pois a umidade as manterão saudáveis.
Atenção: Em algumas espécies como os Buxinhos, Pinheiro Negro e algumas outras. Não é aconselhável lavar as raízes da árvore para se retirar todo o solo. Esse procedimento é prejudicial. Pois estas plantas vivem em simbiose com microrganismos benéficos do solo que habitam nas suas raízes. Lavar as raízes eliminaria esses microrganismo matando a planta ou prejudicando o seu futuro desenvolvimento. No caso de árvores que possuem esta forte relação com esses microrganismos, plante a árvore com um pouco do solo antigo, assim daremos a estes microrganismo a oportunidade de se reproduzirem no novo substrato. No próximo transplante poderemos retirar todo solo original mas sempre tomaremos o cuidado de manter um pouco do substrato anterior para que a reprodução deles seja sempre contínua.
* Antes de podar completamente a sua árvore, analise se há alguns ramos em que se poderiam ser feitos alguns alporques. Neste caso, podar a árvore um pouco maior que o tamanho desejado, nos daria a oportunidade de se retirar outras mudas da mesma planta com calibre de tronco já avantajado através da técnica do Alporque e ao mesmo tempo aumentaria a reserva de energia dentro planta. Se tiver paciência, esperar pelo alporque vai valer a pena!
Vejamos este exemplo:
Mathidori de um Resedá (”Lagerstroemia indica”) em uma calçada.
Esta árvore seria retirada pelo proprietário por que estava danificando o passeio público.
Na foto abaixo marquei os lugares onde seria possível fazer os alporques.
Porque escolhi esta árvore: Belo nebari e bom movimento de tronco. Também a possibilidade de excelentes alporques.
Após recuperação da planta, iniciamos os alporques.
Após alguns meses o enraizamento foi perfeito. Mesmo no tronco mais grosso.
Retirada e plantio dos alporques
Sempre que valer a pena, aconselho que se faça alporques evitando perder material de excelente qualidade.
Voltando ao assunto Yamadori.
Escolha caixa ou vasos ou Bacias plásticas de tamanho adequado para o plantio.
Use arame e tela para tapar os furos.
Solo de boa qualidade contribui para uma excelente recuperação das raízes.
Podemos plantar a árvore agora.
Como há uma boa quantidade de raízes capilares aproveitei para fazer uma boa retirada de solo impróprio que veio acompanhando o torrão. Note que os dois galhos estão grandes quando comparados com a base. Cortei inicialmente com esse comprimento para que houvesse uma maior reserva de energia dentro da planta que irá auxiliar à sua recuperação, em algumas espécies esse procedimento pode significar o sucesso de todo processo. No futuro quando a árvore estiver recuperada ambos sofrerão uma poda de redução.
As árvores estão plantadas e descansarão em um local sombreado até que inicie a brotação quando serão levadas para um local mais ensolarado.
A árvore está se recuperando muito bem, podemos ver que houve uma brotação excelente. Essa brotação não é reserva de energia mas significa que as raízes estão tendo um bom desenvolvimento dentro do novo solo. A árvore será deixada crescer sem intervenção para que se recupere plenamente. As fotos abaixo foram tiradas em 23/10/2010.
Foto abaixo foi tirada em 02 / 08 / 2013 -
Em 2011 fiz uma poda para reduzirmos o crescimento da planta. Em 2012 ela foi deixada crescer livremente para que as marcas dos cortes desaparecessem. Após um ano de crescimento livre recebeu algumas podas para a construção de uma copa mais compacta. Este ano começarei uma nova etapa, Refinamento da copa e redução do tamanho das folhas. foto já retirando ramos indesejáveis.
Considerações finais:
* A partir do terceiro mês inicie uma rotina de adubação.
* Deixe a planta recuperar as suas raízes antes de se iniciar o trabalho de fiação (aramação). Isso pode levar alguns meses ou até mesmo um ano em alguns casos.
* Neste período você poderá escolher os brotos que farão parte da nova estrutura e se eliminarão os brotos indesejáveis.
* Trabalhe com a fresa na madeira morta somente quando as raízes da árvore forem suficientemente fortes para segurar a planta firmemente no pote, caso contrário o movimento lateral do tronco prejudicará as raízes dentro do solo.
* Lembre-se: Yamadori responsável dignifica o bonsaísta.
”Árvore Yamadori não morre. Você é quem mata a árvore.”
Eduardo M Guedes
Tae Kukiwon Bonsai.