A poda no Bonsai

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Em geral o termo poda se utiliza para denominar qualquer tipo de corte que se efetua sobre uma planta. Mas é importante estabelecer uma diferença entre o corte e o pinçado.

Poda propriamente dita

A poda propriamente dita cumpre uma função restauradora pois, permite rejuvenescer uma planta, eliminar defeitos, ramos mortos, dirigir, orientar e controlar o crescimento. Também assegura o equilíbrio entre a parte aérea e radicular (raízes).

Se a poda é importante em qualquer tarefa de jardinagem, no Bonsai adquire uma importância fundamental: mediante a poda se estabelece a estrutura básica, se conserva a forma e, se corrigem e evitam defeitos.

Antes de começarmos qualquer trabalho de poda é necessário saber como crescem as plantas. O bom resultado da poda depende do conhecimento que se tenha dos princípios que regem este processo.

Existem duas classes de tecidos de crescimento:

Tecido primário ou meristemático
O tecido primário é formado por células que tem a capacidade de dividir-se indefinidamente e se encontram nos extremos das raízes e das gemas.

As gemas apicais são as mais ativas; o crescimento anual das árvores dependem delas. Se esta gema terminal é eliminada ou morre por alguma causa qualquer, a primeira gema situada logo abaixo dela entrará em atividade. Esta qualidade é a que permite obter uma boa ramificação mediante o pinçado. Na parte subterrânea das plantas, o tecido meristemático se encontra nas pontas das raízes.

Tecido secundário
O tecido de crescimento secundário está constituído pelo cambium. O cambium é uma zona geradora integrada por células meristemáticas entre o lenho (madeira) e a casca, o qual por sucessivas divisões produz lenho pelo lado de dentro e casca pelo lado de fora. Os cortes (feridas) cicatrizam graças ao processo de crescimento que se produz no cambium. Este tecido também é responsável pelo aumento do diâmetro que se produz em galhos, ramos e raízes.

Pinçagem
Durante o período de crescimento ativo, a pinçagem nos permite manter a forma da árvore, reorientar o crescimento e obter uma boa ramificação.

Temos que recordar que as gemas terminais são inibidoras da ramificação lateral. O fato de não eliminá-las a vegetação, consequentemente, com dominância apical (Para cima, em altura). A técnica da pinçagem nos permite, sem outras ferramentas que as nossa mãos, realizar uma parte deste trabalho de poda. Com as unhas do indicador e do polegar podemos eliminar a vegetação que cresce em local não adequado e, eliminar as gemas terminais para favorecer a ramificação lateral.

Tipos de Gemas
A partir das gemas, as plantas lenhosas desenvolvem brotos e flores. Segundo sua função as gemas podem ser foliares (folhas) ou florais (flores). De acordo com o local onde estão colocadas podem ser apicais, laterais ou secundárias. Ainda mais, as plantas produzem latentes, que só se desenvolvem quando as gemas ordinárias sofrem algum dano. A maioria das árvores ou arbustos gera este tipo de gema, umas em maior quantidade que outras. É fundamental saber valer-se destas gemas para reorientar o crescimento, rejuvenescer uma planta ou reconstituir a copa, quando esta houver sido eliminada

Partes de uma árvore


Poda Estrutural

Para dar forma a estrutura do futuro Bonsai quando a “matéria prima” é uma planta de viveiro ou árvore silvestre, será necessário suprimir aqueles ramos cuja localização não se ajuste ao estilo e,  àquelas que não se possa corrigir através de aramação. Para que se destaque a linha do tronco, os primeiros 2/3 ( em sua parte frontal) devem ser livres de ramos mas, ao mesmo tempo, não devemos deixar a sensação de estar desnudo. Para que isto não ocorra é importante recordar que os ramos alternados, localizados na parte de trás do tronco o vestirão e darão profundidade ao Bonsai.

Depois de estudar detidamente a planta, avaliar sua posibilidades e decidir o estilo. Neste momento chega o instante de podar. Mas qual ramos cortar?
1. Os ramos do primeiro terço do tronco.
2. Os ramos que cruzam o tronco, tanto na frente como atrás.
3. Os ramos com crescimento invertido, mais finos finos na base que no ápice.
4. De dois ramos que crescem na mesma altura de cada lado do tronco, eliminar um.
5. Se dois ramos saem do mesmo ponto deixamos somente um.
6. Se existirem ramos paralelos elimina-se um.
7. Os ramos que crescem perpendiculares para cima ou para baixo.
8. Quando houver ramos dispostos em forma radial, eliminamos todos os que incomodam estéticamente.
9. Eliminam-se todos os ramos frontais, salvo os do último terço. Estes colocamos ligeiramente para esquerda ou para direita.
10. Os ramos que crescem para dentro.
11. Os ramos muito emaranhados.
12. Os brotos ladrões.
13. Os ramos em forma de U.
14. Os ramos em forma de Y.

Como e onde efetuar os cortes
Quando se realizam cortes drásticos temos que prestar especial atenção ao lugar onde devemos efetuá-lo para que não tragam perigo para a planta.
1.Pode-se cortar um ramo principal até o tronco.
2. Até um ramo principal.
3. Até um ramo lateral promissor.
4. Acima de uma gema importante.
5. Até um ponto localizado acima de uma gema viva.
6. Eliminar a copa.
7. Até o colo da raiz.
8. Até um ponto localizado acima de um ramo.

Quando se poda, o corte não deve realizar-se nem muito perto e nem muito longe da gema. Si podamos muito próximo da gema corremos o perigo de machucá-la. Ao contrário, se cortamos muito longe da gema sobrará um toco de madeira morta que, além de anti-estético, ao apodrecer, será a porta de entrada para todo tipo de enfermidade. A distância entre o corte e a gema deve ter aproximadamente 3mm. É necessário localizar uma gema que aponte para fora e realizar um corte em diagonal acima da mesma. Este ângulo de corte deixará menos madeira e permitirá que a água escorra rapidamente.

Para um melhor êxito na cicatrização, a superfície do corte deve ser ligeiramente côncava. Se não se conta com a ferramenta adequada para realizar este corte, devemos seccionar o ramo o mais próximo do tronco possível e depois produzir uma concavidade com um pequeno formão. Outro método e o enxerto de casca. Antes de seccionar o ramo, solta-se a casca da parte inferior (A largura deve ser igual ao diâmetro do ramo). Poda-se o ramo o mais próximo possível do tronco, com um formão se faz uma pequena concavidade e, em seguida, se cobre o corte com o pedaço da casca que soltamos do ramo a ser cortado. Pressiona-se a casca em cima do corte e amarra-se com uma fita plástica ou cinta de pressão até que ela se firme. Esta operação deve ser feita no Inverno.

Poda de raízes
A poda de raízes é uma prática comum da jardinagem, mesmo que pouco conhecida. Permite transplantar árvores de grande porte, estimula o crescimento de exemplares jovens, consegue que árvores frutíferas ou floríferas comecem a produzir. Quando se podam as raízes de um Bonsai, a planta recebe todos estes benefícios e mais, o adicional de um sistema formado por raízes fortes e curtas da quais saem uma grande quantidade de raizinhas (capilares). Depois da poda a raiz desenvolve numerosas ramificações laterais. As novas raízes saem da capa do cambium situada debaixo da casca e se desenvolvem facilmente se o substrato tem a porosidade adequada (Textura grossa).

A massa radicular determina o volume da parte aérea de uma planta. Se o sistema radicular tem poucas raízes finas, os ramos e as folhas se mostrarão débeis. Ao contrário, uma planta com um sistema radicular adequado mostrará um aspecto vigoroso.

Poda compensatória
O sistema radicular de um exemplar transplantado reduz sua capacidade de prover água a parte foliar. Para ssegurar o êxito de um transplante é necessário efetuar a poda compensatória. A parte aérea deve ser reduzida na mesma proporção que as raízes; isto permitirá que a planta desenvolva um novo sistema radicular. Enquanto dura este processo, as poucas raízes que sobraram serão insuficientes para que o sistema foliar receba a água necessária para a transpiração e a fotosíntese que ocorre. O equilíbrio entre a parte aérea e o sistema radicular trarão um restabelecimento rápido.

Da mesma forma que observamos a parte aérea ao podar as raízes, é necessário observarmos alguns princípios básicos. Todas aquelas que apresentem traumatismos ou enfermidade devem ser eliminadas, devemos chegar até ao tecido são. Os cortes devem ser em ângulo reto e com a superfície do mesmo para baixo.

Nas coníferas a poda de raízes deve reduzir-se ao mínimo, pois como não resistem a uma poda aérea drástica e tendo que conservar a folhagem exigem uma provisão constante de água.

Poda de conservação
Uma vez estabelecida a estrutura do Bonsai, é necessário manter-se o contorno dos ramos. Se a nova vegetação crescer livremente, rapidamente o Bonsai perderá a sua forma. Para que isto não ocorra deve-se recortar durante todo o período de crescimento ativo ( Primavera – Verão).

Caso deseje aumentar o tamanho do Bonsai, quando os novos brotos tiverem 4 ou 5 pares de folhas, se reduz 2 ou 3. Caso contrário, elimina-se todo.

Na hora de podar temos que recordar que o corte deve efetuar-se acima de uma gema orientada para fora. A nova vegetação crescerá na mesma direção da folha localizada imediatamente abaixo do corte.

É impossível estabelecer quantas vezes deve ser pinçada ou recortada a folhagem. Isto depende da espécie e do clima.

O recorte constante dará como resultado uma copa frondosa e uma ramificação fina e abundante.

Matéria de Maria Cristina de Gurruchaga.